terça-feira, 31 de julho de 2012


A CARNE É FRACA

     Quando alguém procura uma desculpa para justificar suas fraquezas, é comum ouvirmos a afirmativa de que a carne é fraca. A culpa, portanto, é da carne, ou seja do corpo físico. Esse é um assunto que merece mais profundas reflexões.
    O médico alemão Hahnemann, criador da medicina homeopática, fez a seguinte afirmativa: "o corpo não dá cólera àquele que não a tem, do mesmo modo que não dá os outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao espírito. Se não fosse assim, onde estariam o mérito e a responsabilidade?"


    Sábia consideração essa, pois encerra grandes verdades. Culpar o corpo pelas nossas fraquezas equivaleria a culpar a roupa que estamos usando por um acesso de cólera. Quando a boca de um guloso enche-se de saliva diante de um prato apetitoso, não é a comida que excita o órgão do paladar, pois sequer está em contato com ele; é o espírito, cuja sensibilidade é despertada, que atua sobre aquele órgão através do pensamento. Se uma pessoa sensível verte lágrimas, facilmente, não é a abundância das lágrimas que dá a sensibilidade ao espirito, mas, precisamente, é a sensibilidade deste que provoca a secreção abundante das lágrimas. Assim, um homem é músico não porque seu corpo seja propenso à musicalidade, mas porque seu espírito é musicista.
    Como podemos perceber, a ação do espírito sobre o corpo físico é tão evidente que uma violenta comoção moral pode provocar desordens orgânicas. Quando sofremos um susto, por exemplo, logo em seguida vem a sudorese, o tremor, a diarréia, etc. Outras vezes, um acesso de ira pode provocar dor de cabeça, taquicardia, ou até mesmo deixar manchas roxas pelo corpo. Quanto às disposições para a preguiça, a sensualidade, a violência, a corrupção, igualmente, não podem ser lançadas à conta da carne, pois são tendências radicadas no espírito imortal. Se assim fosse, seria fácil, pois não teríamos nenhuma responsabilidade pelos nossos atos, desde que, uma vez enterrado o corpo, com ele sumiriam todas as fragilidades e os equívocos cometidos. Toda responsabilidade moral dos atos da vida fica sempre por conta do espírito imortal, e não poderia ser diferente. Assim, quanto mais esclarecido for o espírito, menos desculpável se tornam as suas faltas, uma vez que com a inteligência e o senso moral nascem as noções do bem o do mal, do justo e do injusto. Todos nós, sem exceção, possuímos na intimidade a centelha divina, a força capaz de conter os impulsos negativos e fazer vibrar as emoções nobres que o Criador depositou em nós.
Fazendo pequenos esforços conquistaremos a verdadeira liberdade, a supremacia do espírito sobre o corpo. E só então entenderemos porque Jesus afirmou: "Vós sois deuses, podereis fazer o que eu faço, e muito mais."

         Base de consulta: O Céu e o Inferno, 1ª Parte, Cap. VII


Pensamento do dia:" Somos viajantes no tempo. Espíritos encarnados em um corpo material, com o objetivo de continuar nossa trajetória, procurando sanar erros do pretérito e ampliar os conhecimentos e as experiencias que nos permitem co-participar da grande obra do Criador" (Vanildo Favoretto).

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