RELAÇÕES ENTRE PAIS E FILHOS
Shyrlene Campos
As vezes, no relacionamento entre os jovens e seus pais torna-se difícil manter uma conversa. Não vou cair no velho chavão, "diálogo". Não se tem que conversar como mãe e filha, pai e filho, e sim como pessoas. Nunca pensamos neles como pessoas, com sensibilidades, receios, com quartos dentro da alma que desejam deixar fechados e queremos, à força, a chave para abrir.
Esperamos demais de nossos filhos, essa é a verdade! E nos sentimos infelizes, culpados, fracassados, quando nos decepcionamos com suas atitudes e escolhas. Nunca conseguiremos atingir a bondade dos contos de fadas que desejamos para os nossos filhos, mas, as vezes, sem que possamos impedir, eles se verão, frente a frente, com a bruxa má da vida a lhes desfechar malefícios.
O mesmo tipo de pessoa, que desejamos que os nossos filhos sejam, eles querem que nós sejamos para eles. Quando conseguimos atingir, com êxito, algum contato afetivo com nossos filhos é como se uma luz brilhasse em nossa cabeça. São muitas lutas entre pais e filhos. Além da trincheira erguida entre os dois lados, existe nosso esforço para evitar a realidade da vida de uma nova época; a inflexibilidade de ambos os lados.
Que tristeza nos trazem nossos desejos pouco realistas, diante da realidade dos seus sonhos ou dos dolorosos pesadelos deles. O amor não tem o direito de ser exigente. Quanto mais você espera, mais responsabilidade deposita sobre a pessoa que ama. Não quero dizer que os pais, as pessoas não devam esperar o melhor de seus filhos e afetos. Mas devem vê-los como seres humanos, nada especiais, cheio de impropriedades e falhas humanas.
Os nossos filhos não são super-almas, só por terem saído de nossos corpos. Não se deve fazer com que se sintam obrigados a nos agradar, e é isso que cobramos como se tivessem que pagar eternamente prestações de afeto por terem nascido de nós. Igualmente, nossos filhos não devem esperar que estejamos envolvidos num halo sobrenatural, porque somos pais e mães deles, isentos, portanto, de qualquer defeito ou desaprovação.
Nessa vida temos de amar de olhos abertos, o que não diminui a força de tudo isso. Apenas torna suportável vivermos como nos mesmos. O sentimento de culpa é por demais avassalador. Tem pessoas que tornam o martírio uma sentença perpetua. Talvez até cheguem a apreciar esse sentimento, de certo modo.
Procurem agir direito com todas as pessoas, principalmente com as que você ama. E faça o que for possível para se aceitarem com os seus defeitos e, aos outros, com suas imperfeições.
Artigo publicado no jornal Arauto de Luz, nº 10, 2009
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