sábado, 19 de fevereiro de 2011

RELAÇÕES ENTRE PAIS E FILHOS

                                                              Shyrlene Campos


As vezes, no relacionamento entre os jovens e seus pais torna-se difícil manter uma conversa. Não vou cair no velho chavão, "diálogo". Não se tem que conversar como mãe e filha, pai e filho, e sim como pessoas. Nunca pensamos neles como pessoas, com sensibilidades, receios, com quartos dentro da alma que desejam deixar fechados e queremos, à força, a chave para abrir.
Esperamos demais de nossos filhos, essa é a verdade! E nos sentimos infelizes, culpados, fracassados, quando nos decepcionamos com suas atitudes e escolhas. Nunca conseguiremos atingir a bondade dos contos de fadas que desejamos para os nossos filhos, mas, as vezes, sem que possamos impedir, eles se verão, frente a frente, com a bruxa má da vida a lhes desfechar malefícios.
O mesmo tipo de pessoa, que de­sejamos que os nossos filhos sejam, eles querem que nós sejamos para eles. Quando conseguimos atingir, com êxito, algum contato afetivo com nossos filhos é como se uma luz brilhasse em nossa cabeça. São muitas lutas entre pais e filhos. Além da trincheira erguida entre os dois lados, existe nosso esforço para evitar a realidade da vida de uma nova época; a inflexibilidade de ambos os lados.
Que tristeza nos trazem nossos desejos pouco realistas, diante da realidade dos seus sonhos ou dos dolorosos pesadelos deles. O amor não tem o direito de ser exigente. Quanto mais você espera, mais responsabilidade deposita sobre a pessoa que ama. Não quero dizer que os pais, as pessoas não devam esperar o melhor de seus filhos e afetos. Mas devem vê-los como seres humanos, nada especiais, cheio de impropriedades e falhas humanas.
Os nossos filhos não são super-almas, só por terem saído de nossos corpos. Não se deve fazer com que se sintam obrigados a nos agradar, e é isso que cobra­mos como se tivessem que pagar eternamente prestações de afeto por terem nascido de nós. Igualmente, nossos filhos não devem esperar que estejamos envolvidos num halo sobrenatural, porque somos pais e mães deles, isentos, portanto, de qualquer defeito ou desaprovação.
Nessa vida temos de amar de olhos abertos, o que não diminui a força de tudo isso. Apenas torna suportável vivermos como nos mesmos. O sentimento de culpa é por demais avassalador. Tem pes­soas que tornam o martírio uma sentença perpetua. Talvez até cheguem a apreciar esse sentimento, de certo modo.
Procurem agir direito com todas as pessoas, principalmente com as que você ama. E faça o que for possível para se aceitarem com os seus defeitos e, aos outros, com suas imperfeições.
                                   Artigo publicado no jornal Arauto de Luz, nº 10, 2009

Nenhum comentário:

Postar um comentário