quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A SOBREVIVÊNCIA EMOCIONAL
                                                                                      
     Desde o início de nossa jornada, ainda muito pequenos, descobrimos a imperiosa necessidade de nos adequarmos a todas as demais pessoas como um meio de sobrevivência. Inicialmente, queremos agradar a mamãe e a papai, mas logo descobrimos que mamãe é uma pessoa e papai, outra.
     Mesmo que tenham coisas em comum, têm outras muito diferentes e até mesmo opostas. Mas a ansiedade em estar bem com os dois é muito forte e logo aprendemos a esconder o que sentimos ou desejamos, aprendemos a disfarçar e a esconder, tudo para não contrariá-los. Há também os que não conseguem desenvolver essa arte e então se tornam rebeldes, buscando sempre a atenção de maneira negativa. Em qualquer caso, percebendo que, de alguma forma, o método deu certo, ele passa a ser adotado inconscientemente ao longo da vida com os amigos, familiares, colegas, namorados e cônjuges. No fim, todos continuam a sua caminhada, sempre tentando agradar às custas de se anular em muitos  aspectos.
     Com tudo isso, acabamos presos em um corredor estreito, cujas paredes são, de um lado, o medo, e do outro, a raiva, coberto por um teto de culpa. E no meio desse emaranhado de sentimentos conflitantes, criamos enormes barreiras e defesas. Elas são como armaduras que, se por um lado oferecem a sensação de proteção, por outro estabelecem distâncias, impedindo uma verdadeira intimidade. Paradoxalmente, essa "solução" só aumenta mais ainda a eterna sensação de carência que todos temos. O remédio para a sobrevivência social que usamos acaba por se transformar no veneno da sobrevivência pessoal. Enredamo-nos numa teia de regras, valores, moralidade artificial e hipócrita, obrigações e policiamentos mútuos. Muitos deles nem mesmo têm razão de ser e, no fundo, ninguém quer ou gosta, mas continua exigindo de si e dos outros!
    Transformamo-nos em carcereiros de nós mesmos.
    Os resultados dessa atitude passiva são facilmente visíveis: sentimento de solidão, mesmo dentro de um relacionamento ou no meio de uma multidão; busca permanente de ser amado a qualquer preço para logo se descobrir que não é o bastante para preencher o vazio interior;  falsa esperança de se realizar através de alguém e permanente sensação de insatisfação, que não desaparece nunca, nem mesmo quando se atingem os objetivos propostos. Quase todos passam pela vida sem se respeitar com profunda honestidade e sem sentir verdadeiro amor pela sua própria pessoa. Essa consciência guardada a sete chaves, mesmo que se use dos mais diversos artifícios para escondê-la, até mesmo de nós mesmos,
termina por ser a nossa cruz particular. Antes de mais nada, é preciso vencer o medo, imposto falsamente a nós, de que atender às próprias necessidades é ser egoísta. Tenha certeza de que você jamais conseguirá agradar a todos!
     Representando e não sendo você mesmo como todos fazem, sempre haverá quem gosta e quem não gosta de você. Se você se assumir e for quem é verdadeiramente, vai acontecer o mesmo - uns gostarão e outros não.
    Portanto, a segunda atitude é a mais sensata porque, pelo menos nela, haverá mais uma pessoa que aprenderá a gostar muito de você - você mesmo!
    Compreenda que somente se está verdadeiramente bem com os outros quando se estiver primeiro totalmente bem consigo mesmo. Somente dispondo-se a abandonar as falsas máscaras de representação de força, poder, destemor, sensualidade, simpatia, inteligência, cultura e todas as outras, vendo-se como realmente é e atendendo às suas verdadeiras necessidades. A tomada de uma atitude questionadora para consigo mesmo numa profunda reavaliação de auto-conhecimento é o único caminho que permite ao adulto começar a fazer suas próprias escolhas, remodelar o que assim desejar e construir o seu próprio caminho na vida, agora consciente e não mais sendo apenas mais um a marchar naquela velha trilha, criada por e para os outros e não para você.
         Enfim, não tenha medo de SER

                                                     William Rezende Araújo

Pensamento do dia: " Livres são os seres humanos que notaram que não podem modificar o mundo dos outros, mas, apenas o seu mundo" (Hammed)

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