domingo, 13 de março de 2011

ALMA GÊMEA

            O romance "Há 2000 anos", ditado por Emmanuel, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, vem nos brindar com uma das mais belas páginas da literatura espírita. O trecho reproduzido abaixo, tirado da obra do mesmo nome, mostra o conflito interno de Públius Lentulus(Emmanuel), então senador de Roma, em missão na Palestina, à epoca de Jesus. O diálogo reproduzido abaixo, mostra o  coração grandioso e o amor dedicado a ele por sua esposa Lívia, que há algum tempo se tornara seguidora de Jesus, mas que amava, acima de tudo, o seu marido...

   Publius Lentulus, tomando a mão da companheira, como se buscasse um bálsamo para a alma ferida, sussurrou-lhe de mansinho:
- Lívia, és tudo que me resta neste mundo!... Nossos filhos são flores da tua alma, que os deuses nos deram para minha alegria!... Perdoa-me, querida... Há quanto tempo tenho vivido absorto e taciturno, esquecendo o teu coração sensível e carinhoso! Parece-me estar despertando agora de um sono muito doloroso e muito profundo, mas despertando com a alma receosa e oprimida. Andam-me, no íntimo, amargurados vaticínios... Temo perder-te, quando quisera encerrar-te no peito, guardando-te no coração
eternamente... Perdoa-me...
Enquanto ela o contemplava, surpresa, seus lábios sequiosos lhe cobriam as mãos de beijos ardentes. E não foram apenas os ósculos afetuosos que brotaram nesse transbordamento de carinhos. Uma lágrima lhe gotejou dos olhos cansados, misturando-se às flores da sua afeição.
- Que é isso, Públius? Choras?  exclamou Lívia, enternecida e angustiada.
- Sim! Sinto os gênios do mal cercando- me o coração e a mente. Meu íntimo está povoado de visões sombrias, prenunciando o fim da nossa felicidade; mas eu sou um homem e sou forte... Querida, não me negues a tua mão para atravessarmos juntos o caminho da vida, porque, contigo, vencerei o próprio impossível!...
Ela estremeceu em face dessas observações, que não lhe eram familiares.
Num relance, tomando ligeiramente as mãos do esposo, levou-o a um canto do terraço, onde se postou à frente de uma harpa harmoniosa e antiga, cantando baixinho, como se a sua voz, naquela noite, fosse o gorjeio de uma cotovia apunhalada:

"Alma gêmea de minh’alma,
Flor de luz da minha vida,
Sublime estrela caída
Das belezas da amplidão!...

       Quando eu errava no mundo
       Triste e só, no meu caminho,
      Chegaste devagarinho,
      E encheste-me o coração.

Vinhas na bênção dos deuses,
Na divina claridade,
Tecer-me a felicidade,
Em sorrisos de esplendor!...

        És meu tesouro infinito,
       Juro-te eterna aliança,
       Porque eu sou tua esperança,
       Como és todo o meu amor!"(*)

                 (*) Extraido do livro Há 2000 anos, psicografia de Francisco Cândido Xavier

Pensamento do dia: " Doar-se é um ato de amor que, sabiamente, se divide em bênçãos de paz e alegria para com os outros, e é capaz de multiplicar a verdadeira felicidade" (Emmanuel)

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